A vida é feita de decisões, e muitas delas dependem da oportunidade e opções.Eu optei pela cirurgia porque não aguentava mais me olhar no espelho, me odiava, me sentia a mais infeliz das criaturas. Fazer dieta e exercícios não era fácil como é para a maioria das pessoas e após várias tentativas sem sucesso, decidi tomar o caminho mais radical. Funcionou e estou feliz assim.
Foi por estética? Talvez em parte, sim. Mas com certeza foi na tentativa de recuperar a minha auto-estima e obter qualidade de vida.
Operar evitou que eu tivesse depressão? Não, pois a depressão pode surgir por motivos diversos.
Aconteceu com o Ed. Após a mudança de cidade e trabalho, o peso dele aumentou e surgiram comorbidades, incluindo a depressão. A pós graduação aliada ao trabalho dele ocuparam o tempo dele de forma a anular qualquer chance de manter um ritmo de exercícios regulares. A dieta era fácil seguir por um certo tempo, pois ele é disciplinado, mas sem exercícios, sem chance... Engordou 20 quilos.
Ele fez tratamento de uns 8 meses com um endocrinologista, tentou medicamentos, foi muito relutante quanto à cirurgia e dizia que nunca iria precisar disso. Mas as comorbidades aumentaram, e um menino de 34 anos hoje aparenta um senhor de 45-50, sempre cansado, sempre sonolento, qualquer mínimo esforço soa como uma maratona, um vão de escadas toma todo o seu fôlego. (Essa pessoa se parece comigo há 2 anos).
Conversamos, agora com a presença da mãe dele, então ele topou. E esse foi o primeiro passo no seu processo de cura. Como eu já sei de cor o que irá acontecer, os exames, consultas, etc. Tomei a frente e agendei tudo. Ele não sente medo do que irá passar, pois já sabe o que aconteceu comigo, e como eu fiquei bem.
É certo que ele irá emagrecer bem mais do que eu, pois o seu IMC é limítrofe. Vou acompanhá-lo, cuidar dele durante o tempo que for preciso, e sei que com a minha ajuda, a recuperação dele será ainda melhor que a minha.
Mas essa cirurgia dele está tendo um segundo sentido para mim: sinto como se eu fosse ser operada novamente. Vou acompanhá-lo na dieta, pretendo "fazer para experimentar" a fase pastosa junto com ele pra ver como o meu corpo reage. A reabilitação vai ser para ambos. Vou sentir como é estar do outro lado, e essa vai ser uma chance de aprender mais.